Postado em 09/09/2020
A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo SARS-CoV-2 (coronavírus) e que compromete o trato respiratório. Autoridades e profissionais da saúde de vários países estão preocupados com a velocidade de disseminação da doença.
Grande parte dos pacientes infectados apresenta sintomas leves ou até mesmo são assintomáticos. Uma parcela menor de pacientes evolui para um estágio mais grave da doença, necessitando de hospitalização e, em alguns casos, de ventilação mecânica (VM).
A fisioterapia respiratória desempenha um importante papel no tratamento dos casos de Covid-19 e tem a finalidade de contribuir para atenuar os sintomas ocasionados por essa doença.
A atuação do fisioterapeuta ocorre em vários âmbitos, desde a participação na equipe multidisciplinar, prestando assistência ao paciente grave (intubação, ventilação mecânica e mudanças de decúbito), até condutas de terapia para a remoção de secreção brônquica e a melhora da função respiratória.
“O fisioterapeuta, no tratamento e na recuperação dos pacientes com Covid-19, dentro da equipe multidisciplinar, atua com a parte respiratória, a prevenção de alterações e deformidades musculoesqueléticas, e também ajuda em tudo o que diz respeito ao suporte e à atenção à parte respiratória, incluindo: oxigenoterapia, ventilação mecânica não invasiva e ventilação mecânica invasiva, e isso num ambiente de hospitalar e de pronto-socorro”, comenta a professora Diana Pacheco, coordenadora dos cursos de Pós em Fisioterapia da FMU.
Atuação da Fisioterapia nos sintomas do Coronavírus
Estratégias de mobilização precoce
Pacientes hospitalizados tendem a experienciar o imobilismo como consequência da dinâmica hospitalar, restringindo-se ao leito. A fisioterapia dispõe de condutas (sempre que há segurança hemodinâmica e metabólica) que preconizam mobilizações e visam preservar ou melhorar a integridade e a amplitude do movimento articular, bem como a força muscular.
Essas mobilizações podem ocorrer no leito e evoluir para sedestação beira-leito, treino de equilíbrio, treino de sedestação-ortostase, cicloergometria e até deambulação.
Esse vasto leque de programas de exercícios traz benefícios que não estão restritos ao sistema musculoesquelético, mas provocam uma melhora do quadro geral do paciente, visto que a resposta da capacidade cardiorrespiratória é positiva diante de um exercício bem prescrito, diminuindo as complicações e os sintomas da Covid-19.
“A fisioterapia na urgência e emergência é utilizada no pronto-socorro, atuando nos pacientes com a ventilação mecânica não invasiva, através da interface de máscara orofacial, ou, ainda, ofertando a oxigenoterapia de maneira que não se formem aerossóis, como cateter nasal ou máscara com bolsa reinalante, que ajudam a não reter CO2 e também a não produzir aerossóis, que podem gerar contaminação. O cateter de alto fluxo também pode ser utilizado nesses casos, bem como uma ventilação mecânica não invasiva, como já citei anteriormente, desde que não haja orifícios na máscara, ou seja, tem que ser uma máscara fechada”, alerta a professora Diana Pacheco.
E após a recuperação do paciente?
Aqui vai mais uma abordagem pouco falada no cenário atual, mas que demonstra uma possibilidade em ascensão: pacientes críticos, em muitos casos, necessitarão de cuidados de fisioterapia, mesmo após a desospitalização.
“No pós-alta, os fisioterapeutas atuam na recuperação da condição cardiopulmonar dos pacientes, pois quase todos têm saído com debilidades. Além, da condição cardiopulmonar debilitada, eles também têm recebido alta com quadros de neuropatias”, aponta a professora Diana Pacheco.
Tendo em vista a importante redução das capacidades pulmonares, que compromete a qualidade de vida das vítimas dessa pandemia, é necessário atentar para que haja serviços de fisioterapia respiratória capazes de atender a essa demanda de pacientes.
Contudo, para atuar em momentos de pandemia como esses que estamos vivendo, os profissionais da saúde devem estar preparados para lidar com a Urgência e Emergência. Por isso, o investimento numa pós-graduação em Fisioterapia em Urgência e Emergência é um excelente modo de manter-se preparado.
“As técnicas que temos utilizado no pronto-socorro são técnicas visando que esse paciente não necessite de ventilação mecânica. Para trabalhar nesses momentos de pandemia, é interessante que você, profissional da saúde ou fisioterapeuta, tenha formação que direcione você para a equipe de resposta rápida, que é o caso do atendimento em Urgência e Emergência”, conclui a professora Diana.
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Referências
• COVID-19 – Intervenção na insuficiência respiratória aguda - ASSOBRAFIR
• COVID-19: Papel do Fisioterapeuta em diferentes cenários de atuação – ASSOBRAFIR
• Duan, Y. N. & Qin, J. Pre- and posttreatment chest CT findings: 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) pneumonia. Radiology. 10.1148/radiol.2020200323 (2020).