Postado em 11/08/2020
As mudanças no cotidiano das pessoas e no mundo em geral estão fazendo com que surjam novas doenças diariamente, e, com isso, é necessário que aconteça uma modernização nos tratamentos, que precisam ser realizados de forma mais eficaz e especializada.
Por exemplo, no Brasil e em todo o mundo, a poluição aumentou muito nos últimos anos, e isso acarretou diversos problemas para a população, principalmente para aquelas pessoas que já possuem algum tipo de problema de saúde ou são mais frágeis, como os idosos e os bebês, que não possuem tantos anticorpos para lidar com as doenças quanto os demais seres humanos.
Devido ao aumento da poluição, mudanças drásticas de temperatura e outros fatores, as pessoas estão tendo mais problemas relacionados ao sistema respiratório. Nesse sentido, a fisioterapia atua buscando encontrar técnicas cada vez mais aprimoradas, que possam resolver ou amenizar esses transtornos.
Mas afinal, o que é fisioterapia respiratória?
A fisioterapia respiratória pode ser caracterizada como um conjunto de técnicas realizadas com o objetivo de prevenir e recuperar disfunções referentes ao processo de respiração do ser humano, promovendo, assim, a máxima funcionalidade e qualidade de vida para as pessoas que sofrem com disfunções respiratórias.
Essa especialidade, que engloba diversos instrumentos e procedimentos, existe há bastante tempo, praticamente desde os anos 1980, que foi quando foi fundado no Brasil o Núcleo de Estudos em Fisioterapia Respiratória, liderado pelo especialista em Fisioterapia Respiratória, Carlos Alberto Caetano Azeredo. Esse núcleo reunia profissionais de diversas regiões do Brasil, com o objetivo de ampliar a compreensão de concepções acerca das patologias respiratórias.
Conheça as principais técnicas utilizadas na fisioterapia respiratória
No campo da fisioterapia respiratória, existem diversas técnicas e procedimentos que são realizados de acordo com os problemas respiratórios e com a situação em que o paciente se encontra. Algumas técnicas são:
Exercícios respiratórios
- Respiração pelo diafragma
Busca fortalecer a expansão da base dos pulmões, e, para a sua realização, o paciente deve permanecer sentado, com o tronco inclinado cerca de 45o para trás, com as costas e a cabeça bem apoiadas, os joelhos dobrados e o abdômen relaxado, apoiando uma mão sobre este, para perceber os movimentos respiratórios e controlar o exercício realizado.
Então, deve inspirar de forma lenta e profunda, para que se possa verificar a expansão da parede abdominal e a descida do diafragma. Em seguida, deve expirar lentamente, para que seja perceptível a contração da musculatura abdominal e a subida do diafragma. Essa é uma das técnicas que são utilizadas assim que se inicia o tratamento do paciente com problemas respiratórios.
- Sopros
Entre os exercícios existentes, um dos mais úteis para fortalecer a expiração é o sopro, que consiste na realização de inspirações profundas, seguidas de expirações pela boca, efetuadas com os lábios entreabertos, de modo a obstruir a saída do ar. Esse exercício não deve ser efetuado muitas vezes seguidas, pois o excesso de oxigenação pode provocar enjoos e sensação de formigamento.
- Espirometria de estímulos
Esta técnica é indicada para fortalecer a capacidade inspiratória, sendo realizada com a ajuda de um espirômetro, que é um aparelho simples que avalia o volume de ar aspirado. Para isso, o paciente deve colocar seus lábios na abertura do espirômetro e inspirar o mais profundamente que conseguir.
A abertura está ligada a um tubo que deságua numa divisão de três compartimentos, com uma bola de plástico no interior de cada um deles. Quanto maior o volume de ar inspirado, mais bolas sobem no interior do compartimento, ou seja, deve-se tentar fazer subir o maior número de bolas e mantê-las elevadas o máximo de tempo possível. Ao expirar, o paciente retira os seus lábios da abertura e as bolas descem.
- Exercícios intercostais
São indicados para controle e fortalecimento da expansão do tórax. Para a sua realização, o paciente pode permanecer de pé ou sentado, apoiando as palmas das mãos sobre o tórax: durante a inspiração, deve efetuar uma ligeira pressão nas costelas, de modo a forçar e treinar os músculos inspiratórios, e durante a expiração, as mãos devem acompanhar o movimento de retração da cavidade torácica, e, no final, comprimi-la moderadamente, com o objetivo de expulsar o máximo de ar possível.
Expulsão de secreções
- Percussão
Esse procedimento consiste na aplicação de uma série de ligeiros golpes sobre o peito e as costas do paciente com o objetivo de favorecer a liberação das secreções brônquicas e a sua posterior expulsão para os brônquios principais. Essa prática ainda é mais benéfica quando também é realizada uma drenagem postural, pois, assim, as secreções libertas das distintas aéreas pulmonares circulam até os brônquios principais, onde depois são expulsas até a cavidade bucal.
. De modo a evitar incômodos no paciente, deve-se evitar golpear a zona renal, Os golpes devem ser realizados com as mãos dobradas em forma de concha, da periferia para o centro, durante três ou quatro minutos em cada aérea pulmonar, pois é muito sensível, colocando-se uma toalha sobre o corpo para suavizar o impacto.
-- Tosse assistida
Existem vários procedimentos para desencadear a tosse ou fazer com que esta seja mais eficaz, de modo a conseguir a expulsão da expectoração. Efetuar uma inspiração profunda, seguida de pequenos sopros expiratórios alternados com breves pausas.
- Drenagem postural
Esse procedimento consiste em adotar e manter posições corporais que favoreçam a drenagem das secreções graças à ação da gravidade. Na prática, pretende-se que a zona pulmonar a drenar fique acima dos brônquios principais.
Dessa maneira, as secreções fluem passivamente, sendo depois expulsas através da boca. Por exemplo, para facilitar a drenagem da zona superior dos pulmões, o paciente deve permanecer sentado. Quando as secreções têm a tendência para se acumular na parte inferior, é necessário que o paciente se incline de forma que a cabeça fique num plano inferior ao resto do corpo.
Os benefícios da fisioterapia respiratória
A fisioterapia respiratória visa melhorar a dinâmica respiratória e a distribuição do ar inalado pelo pulmão, além de remover secreções brônquicas, resultando, assim, na melhora da função pulmonar. São aplicadas técnicas manuais, como também aparelhos que ajudam na aplicação desse tipo de fisioterapia.
Vale ressaltar que a fisioterapia respiratória utiliza estratégias não invasivas para otimizar o transporte do oxigênio, prevenindo, revertendo ou minimizando as disfunções pulmonares causadas por doenças como asma, tuberculose e pneumonia, entre outras.
Onde é realizado o tratamento para reabilitação do paciente?
O fisioterapeuta avalia o paciente para identificar, relacionar e priorizar o tipo de técnica a ser aplicada, de acordo com o quadro clínico. Quando o paciente está hospitalizado, por exemplo, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o atendimento será mais focado na melhora da eficiência ventilatória ou na redução da sobrecarga dos músculos respiratórios, para evitar a falência desses músculos, o que pode causar insuficiência respiratória.
Já em pacientes que irão se submeter a alguma cirurgia, a fisioterapia respiratória tem caráter preventivo, tanto para melhorar o condicionamento físico quanto para garantir que, após a cirurgia, a capacidade respiratória não seja afetada.
Quando a fisioterapia respiratória é aplicada em ambulatórios, o tratamento está mais focado na melhora do condicionamento físico e na educação do paciente. Isso tende a aumentar a independência, reduzir os sintomas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida, assim como ajuda na prevenção ou na melhora das comorbidades das doenças respiratórias.
Motivos da grande incidência de problemas respiratórios
A incidência de doenças alérgicas respiratórias, como rinite, asma e outras, vem aumentando gradativamente. No Brasil, por exemplo, ocorrem, em média, oito mortes por dia por complicações relacionadas à asma. A doença representa um dos maiores gastos do Sistema Único de Saúde (SUS), superior, inclusive, aos gastos com a AIDS.
Dados do SUS revelam que são mais de 367 mil autorizações de internações hospitalares ao ano, decorrentes de doenças respiratórias. Somadas, asma, pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) representam 12% de todas as internações no país, com gastos superiores a R$ 600 milhões por ano.
Pode-se perceber que a Fisioterapia Respiratória é um recurso complementar muito eficaz no tratamento de uma grande variedade de doenças pulmonares, nas quais existe um certo grau de dificuldade em respirar e/ou se produz uma acumulação de secreções que obstrui os brônquios.
Esse tipo de fisioterapia é especialmente recomendado em algumas doenças pulmonares crônicas, como asma brônquica, bronquite crônica, enfisema, bronquiectasias e cancro broncopulmonar. Todavia, é muito importante que seja sempre o médico a indicá-la, pois também existe o perigo de algumas contraindicações.
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