Postado em 25/09/2017
Durante maratonas de corrida é possível encontrar centenas de corredores usando meias de compressão coloridas, na esperança de melhorar o desempenho. Uma das justificativas utilizadas pelos usuários é que elas facilitariam o retorno venoso justamente por gerar compressão. Essa compressão, por sua vez, ocasionaria a melhora do retorno venoso aumentando, assim, o volume diastólico final e débito cardíaco durante o exercício. Isso permitiria, pelo menos em teoria, que atletas pudessem executar trabalhos em maior intensidade.
Outra teoria é de que as meias de compressão iriam reduzir as vibrações musculares desencadeadas pelo contato dos pés com o solo, o que pode ajudar a minimizar as oscilações musculares na panturrilha durante a corrida prolongada. O resultado seria menor dano tecidual durante a corrida e redução nos sentimentos subjetivos de dor, além da melhora na recuperação da força e potência muscular.
Para saber se de fato o uso é eficaz, um estudo elaborado por ARECES et al. (2015), analisou a eficácia das meias de compressão na prevenção de dano muscular e manutenção da performance de corrida durante uma maratona.
Diante disso os autores dividiram 34 corredores experientes (5 anos de treinamento com pelos menos 3 maratonas completadas). Os voluntários foram divididos em 2 grupos:
Grupo 1:17 corredores utilizaram meias normais (GRUPO CONTROLE)
Grupo 2:17 corredores utilizaram as meias de compressão (GRUPO MEIAS DE COMPRESSÃO)
Antes e depois da corrida, uma amostra de sangue venoso foi obtida e altura do salto e potência muscular de membros inferiores foram medidos. As concentrações de mioglobina e creatina cinase no soro foram determinadas como marcadores de sangue de danos nas fibras musculares.
A prova escolhida foi a Rock and Roll Marathon. A corrida foi realizada em abril de 2013 na cidade de Madrid.
O tempo total de corrida não foi diferente entre os grupos (210 ± 23 vs 214 ± 22 min, P = 0.58 para o controle vs grupos de meias de compressão, respectivamente). Redução da potência muscular de MMII pós-corrida (-19,8 ± 17,7 vs16 -24,8 ± 18,4%, P = 0,37) e altura do salto (-25,3 ± 14,1 vs 20,4 ± -32,5%, P = 0,27) foram semelhantes entre os grupos.
No final da corrida, não houve diferenças em mioglobina de soro (568 ± 347 vs. 573 ± 270 ng · mL-1, P = 0,97) e na concentração de creatina quinase (390 ± 166 vs. 487 ± 227 U · L-1, P = 0,16).
CONCLUSÃO
O uso de meias de compressão não melhorou o ritmo da corrida e não impediu lesão muscular induzida pelo exercício durante a maratona. Vestir meias de compressão durante corrida de longa distância é uma estratégia ineficaz para evitar os efeitos deletérios da lesão muscular no desempenho.