Postado em 11/03/2020
O futebol continua sendo o esporte que mais movimenta nações mundialmente. Apresenta praticantes variados, sem nenhuma distinção, de ambos os sexos, diferentes raças e sem limitação de cidade, além de não apresentar barreiras socioeconômicas para sua prática, podendo ser praticado:
- por lazer;
- como recreação;
- na escola;
- alto rendimento;
- dentre outros.
Apesar de ser um esporte praticado por todos e aparentemente simples, ao longo dos anos ele vem sofrendo mudanças e se tornando cada vez mais complexo quanto às suas exigências, principalmente no âmbito do alto rendimento, que movimenta milhões em dinheiro. Nesse contexto, os atletas são obrigados a utilizar e trabalhar com suas capacidades físicas próximas ao limite de exaustão, aumentando a exposição às lesões no futebol.
O futebol é talvez uma das modalidades mais exaustivas do mundo do esporte. No jogo moderno, seja ele em qualquer nível, o treinamento e o condicionamento físico são fundamentais.
Poucos esportes são praticados em um campo tão amplo em um longo período de tempo sem intervalo, o que acaba ocasionando muitas lesões no futebol. É por este motivo que esse esporte conta com uma preparação física, técnica e tática que evoluiu vertiginosamente nos últimos anos.
Atualmente, na opinião da maioria dos profissionais de Educação Física, a preparação física é um fator fundamental para o êxito de uma equipe, até porque o futebol moderno é baseado na velocidade dos atletas.
Isso fez com que o atleta se tornasse multifuncional, ou seja, os laterais são marcadores e atacantes, como pontas ou elemento surpresa pelo meio do campo, e os volantes e meias que compõem o meio-campo interagem entre si na parte de criação e marcação.
Futebol no Brasil
Quando falamos em futebol no Brasil, em qualquer campo, rua ou quadra, percebe-se meninos e meninas jogando e alguns sonhando em serem como seus ídolos, reproduzindo a arte do esporte de Garrincha, Pelé, Ronaldo, Marta, entre outros.
Apesar de o Brasil não ser o berço do futebol, ele é reconhecido mundialmente como o país do futebol. Tudo começou quando Charles Miller, retornando de seus estudos da Inglaterra em 1895, trouxe para o Brasil, além das regras, o objeto símbolo do esporte: a bola.
Mesmo sendo um esporte trazido pela elite na época, logo se massificou na sociedade brasileira e foi se desenvolvendo e sendo protagonista de mudanças na política, economia e cultura, quebrando barreiras sociais e raciais no campo e nas arquibancadas.
Músculos mais utilizados no esporte
O futebol moderno exige um jogador forte, rápido, capaz de vencer resistências, suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo, ter pouca fadiga durante o jogo, para que assim consiga evitar ao máximo lesões no futebol.
As pernas são os elementos de maior uso pelos deslocamentos com e sem posse de bola, enquanto os braços são utilizados para dar equilíbrio e se proteger do adversário.
Logo, o atleta precisa manter força, velocidade, resistência e flexibilidade de forma conjunta. Com isso, devemos pensar no corpo humano como uma estrutura complexa que não pode ser trabalhada isolando as estruturas.
Podemos destacar as musculaturas mais exigidas, que são os principais alvos de lesões no futebol:
Músculos do abdômen
- Oblíquo externo (abaixo das costelas; flexão do tronco com rotação para o lado oposto).
- Oblíquo interno (abaixo das costelas; flexão do tronco com rotação para o mesmo lado).
- Transverso do abdômen (compressão visceral).
- Iliopsoas (flexão da coxa).
- Quadrado lombar (abaixo das costelas; inclinação lateral da coluna);
- Reto abdominal (abaixo das costelas; flexão de tronco).
Músculos do quadril
- Glúteo mínimo (abdução, rotação externa e interna da coxa).
- Grande glúteo (extensão e rotação externa da coxa; participa também da adução e abdução);
- Glúteo médio (ação primária de abdução da coxa e secundária abdução com rotação interna e externa da coxa);
Músculos da coxa
- Quadríceps (4 porções: reto femural-flexão do quadril e extensão do joelho, vasto lateral-extensão do joelho, vasto medial-extensão do joelho, principalmente nos últimos 30° de extensão e vasto intermédio-extensão de joelho).
- Sartório (flexor do quadril, extensor do joelho, abdutor da coxa, rotador externo do membro inferior).
- Tensor da fáscia lata (extensor da perna, abdutor e rotador interno da coxa).
- Isquiotibiais (3 porções: bíceps femural-flexor e rotador externo da perna e extensor do quadril, semitendinoso-flexor e rotador interno da perna e extensor do quadril, semimembranoso-flexor e rotador da perna e extensor do quadril).
- Adutores (formado pelo conjunto de músculos: pectíneo, adutor curto, adutor médio, adutor longo-adução e rotação externa da coxa e grácil - adução e flexão de joelho).
Músculos da perna
- Tríceps sural (constituído por gêmeo interno, gêmeo externo e sóleo – extensão e rotação externa do pé).
- Tibial anterior (flexão e rotação interna do pé, fibular anterior (flexão e pronação ou rotação externa do pé).
- Fibular longo e fibular curto (extensão e rotação externa do pé).
Lesões mais recorrentes no futebol
O futebol é um esporte caracterizado por:
- intenso contato físico;
- mudanças bruscas de direção;
- movimentos rápidos, curtos e não contínuos;
- aceleração e desaceleração;
- saltos.
Como acontece a preparação física
A preparação física no futebol é um dos fatores que mais evoluiu nas últimas décadas e continua evoluindo. O conhecimento do condicionamento físico para o futebol é de vital importância para o sucesso de uma equipe dentro de uma competição.
Mesmo com os treinamentos e uma comissão técnica para planejá-los de acordo com os jogos durante a temporada, a prevenção de lesões no futebol é complicada, talvez porque a maior dificuldade tem sido encontrar um ponto de equilíbrio entre a preparação física e os compromissos com os jogos.
A eficácia de um programa de treinamento reduz o potencial de machucados.
O treinamento deve ter um equilíbrio entre os aspectos técnicos, físicos, psicológicos e táticos. Para uma preparação física integral, temos que cuidar do volume e intensidade de todos esses aspectos que compõem o treinamento.
Além disso, temos que ter o cuidado com as cargas de treino e a recuperação dos atletas.
É primordial também que o atleta, além do seu condicionamento físico e do repouso, tenha uma reposição energética adequada. Portanto, o equilíbrio entre alimentação, repouso e carga de treinamento ditarão a performance do atleta na temporada.
Para elaborar uma boa preparação física, há a necessidade de se basear nas ações executadas durante os jogos, bem como treinar o coletivo em função do individual e vice-versa.
Hoje, com as tecnologias, já há a possibilidade de saber detalhadamente o que ocorre fisiologicamente com um jogador ao longo dos 90 minutos de jogo.
Isso nos dá um norte de como trabalhar a individualidade do atleta conforme suas características e a posição de jogo e, principalmente, perceber em que momento o atleta, pela sua condição física, está no limite da exaustão, prevenindo o aparecimento das lesões no futebol.
Isso não deve ser observado apenas nos jogos, mas acompanhado no dia a dia de treinos.
Saber dosar o tempo de treino é fundamental. Devemos planejar os treinos conforme a temporada de jogos, mas acima de tudo respeitar o condicionamento físico dos atletas.
Como o tempo é limitado na temporada de futebol, priorizar o trabalho técnico e tático sobre o treinamento de força é bastante tentador.
No entanto, é importante lembrar que:
- mudar de direção;
- correr rápido com a bola;
- pular para disputar uma bola alta.
Tratamento para lesões no futebol
Primeiramente, há a necessidade do afastamento das atividades.
Estudos classificam as lesões de acordo com o tempo de incapacidade para a prática esportiva, podendo ser uma lesão:
- leve (de um a sete dias de afastamento);
- moderada (de oito a 21 dias);
- e grave (acima de 21 dias ou com lesão permanente).
As lesões mais frequentes são as musculares. Para estas, nas primeiras 24 horas a terapia PRICE é muito útil:
- Proteção da zona afetada (p.ex. uso de tala, canadiana etc);
- Repouso (para prevenir o agravamento da lesão);
- Ice = Gelo (durante 20 minutos, de 2 em 2 horas, nas primeiras 48 horas);
- Compressão (com uma ligadura elástica);
- Elevação (da zona afetada, acima do coração).