Postado em 01/05/2020
Atualmente, com o crescimento da popularidade da hidroterapia, os fisioterapeutas são encorajados a utilizar a água para aproveitar ao máximo suas qualidades únicas, sendo necessário aprender as técnicas, explorar e desenvolver novas ideias.
O que é a hidroterapia?
A hidroterapia é definida, em termos gerais, como o uso da água para fins terapêuticos. É uma modalidade de reabilitação que tem uma longa história e que é tão importante agora quanto foi no passado.
Na verdade, a hidroterapia é tão antiga quanto a história da humanidade. As informações sobre as atividades aquáticas têm sido documentadas para propósitos recreativos e terapêuticos, porém, sua popularidade oscilou bastante ao longo do tempo.
Não se sabe em que momento a hidroterapia foi utilizada pela primeira vez de maneira terapêutica, porém, registros datados de 2.400 a.C. sugerem que a cultura protoindiana utilizava instalações higiênicas, e que os antigos egípcios, assírios e muçulmanos faziam uso de fontes minerais para propósitos curativos.
A maioria dos povos antigos respeitava ou cultuava as águas correntes, especialmente as fontes de água pura. Médicos japoneses, chineses, gregos e romanos faziam uso dos banhos antes da vinda de Cristo. Homer sugeriu o uso de banhos quentes para a redução da fadiga, para cicatrização de feridas e para o combate da depressão e melancolia.
Os gregos estavam entre os primeiros que apreciavam o relacionamento entre o bem-estar físico e mental, desenvolvendo centros próximo a nascentes e rios, utilizando-os para banhos e recreações.
Surgimento das técnicas de cura utilizando água
Por volta de 339 d.C., alguns desses banhos passaram a ser utilizados apenas com o propósito de cura, e o tratamento era indicado, em primeiro lugar, para doenças reumáticas, paralisia e efeitos posteriores a lesões. Queimaduras eram tratadas em banhos prolongados.
A supressão da hidroterapia no Ocidente foi sustentada aproximadamente durante toda a época medieval, porém, por volta dos séculos XV, XVI e XVII, o uso da água com propósitos curativos ganhou algum reconhecimento por parte dos médicos europeus.
Sir John Floyer e John Wesley foram os pioneiros da hidroterapia, todavia, os clínicos acadêmicos da época estavam mais preocupados em diagnosticar doenças e trabalhar nas enfermarias e salas de dissecação, e, por isso, a terapia natural raramente era levada em consideração.
Vincent Pressnitz, um pastor silesiano, transformou um ambiente florestal em um lugar de banhos externos, colocando seus pacientes em programas de tratamento que incluíam duchas frias, massagem e cortes de lenha. Os médicos se preocuparam com seu sucesso e tentaram colocar um ponto final nessa prática.
Sebastian Kniepp, um padre bávaro, tornou-se muito conhecido por suas curas aquáticas. Já na América, o Dr. Joel Shaw desenvolveu uma cura aquática mais sistemática no seu estabelecimento em Nova York.
Avanços medicinais na Europa
Durante o século XIX, os avanços no uso terapêutico da água continuaram na Europa, deixando a América para trás. Os banhos quentes foram ganhando popularidade e passaram a ser tomados em decúbito e utilizados em tratamentos cirúrgicos, neurológicos e psiquiátricos.
A hidroginástica e os exercícios aquáticos em água quente eram recomendados no final do século XIX, porém, eles só começaram a ser desenvolvidos de forma sistêmica após a construção do primeiro tanque de Hubbard, na década de 1920.
As duas guerras mundiais, principalmente a segunda, salientaram a necessidade do uso da água para exercícios e para a manutenção do condicionamento físico. Esses foram os precursores do ressurgimento atual da piscina de hidroterapia e da utilização da imersão total como forma de reabilitação para várias doenças.
Aperfeiçoamento da hidroterapia
Atualmente, existem várias técnicas e protocolos de hidroterapia que podem levar a um estado de relaxamento. Cada técnica tem sua particularidade e leva a diversos níveis psicofísicos e mentais.
Algumas práticas podem, durante o atendimento da terapia aquática, associar a temperatura elevada da água, próxima da temperatura corporal, com movimentos suaves e lentos de 1 hora com silêncio absoluto e pouca iluminação. Durante a sessão, são manipulados pontos corporais específicos, que levam a um estado de sedação profundo e a uma sensação de bem-estar.
Essa sensação é elevada pela secreção de hormônios e endorfinas que são produzidas pela estimulação desses pontos, assim como pelo alongamento suave das linhas de energia, conhecidas como meridianos.
As técnicas submetem o paciente à flutuação, conduzindo seus movimentos passivamente, ao ritmo da respiração. De forma suave, os músculos são alongados, dissociando as cinturas, liberando regiões enrijecidas do corpo e trabalhando, com muita delicadeza, as estruturas corporais.
O terapeuta manipula, de forma suave, mas fortemente, a coluna vertebral sem que isso cause dor, associando posturas muito semelhantes ao Tai Chi Chuan, com movimentos lentos e respeitando os fundamentos biomecânicos junto com os princípios físicos da água e a biomecânica corporal.
As técnicas de relaxamento na água mais utilizadas são:
- Waterdance
- Healing Dance
- Jahara
- Aquadinamic
- Watsu
Mas, afinal, o que é a técnica Watsu?
O Watsu é uma modalidade primária de reabilitação utilizada por terapeutas aquáticos, sendo ensinada em universidades em todo o mundo.
Com base em alongamentos musculares, o Watsu tem como objetivo desbloquear os canais de energia do corpo, podendo ter seus efeitos ampliados dentro da água aquecida, já que a associação entre calor e flutuação permite uma diminuição das tensões físicas e emocionais.
Nesse método, o indivíduo é embalado nos braços do fisioterapeuta, com pescoço sustentado pela dobra do cotovelo e suavemente oscilado, alongado e cuidadosamente guiado em uma série de movimentos relaxantes. O Watsu é uma forma de trabalho que, por si só, é flexível, sendo o mais cuidadoso dos trabalhos corporais.
Um dos principais objetivos do método Watsu é levar à melhora dos aspectos emocionais, como diminuição da ansiedade e do estresse, melhora do humor e da qualidade do sono.
Essa terapia também melhora a flexibilidade e a mobilidade dos tecidos, através de massagens, alongamentos e mobilização rítmica, promovendo a diminuição do tônus muscular, tendo como consequência o relaxamento físico e o bem-estar psicológico, com alterações no sistema nervoso autônomo.
Com essa técnica, o paciente flui a níveis profundos de relaxamento, experimentando estados de consciência em que tensões armazenadas e traumas não existem, tendo a sensação nítida de prazer, paz e integridade.
A técnica de relaxamento na água é realizada individualmente em uma piscina aquecida, com música e ambiente tranquilo. O Watsu associa movimentos rotacionais harmoniosos, alongamentos, trações nas articulações e pressões em pontos de tensão muscular.
A temperatura da água gira em torno de 35o, e, com uma respiração ritmada, movimentos suaves e desbloqueio de pontos de tensão muscular, o indivíduo consegue chegar a um profundo estado de relaxamento.
A sessão de Watsu
A sessão pode variar entre 40 e 60 minutos. Durante esse tempo, o terapeuta oferece aconchego e apoio, os quais proporcionam ao praticante uma sensação de paz, já que a única preocupação durante a sessão é fazê-lo observar o que se passa, tentando não reagir aos movimentos terapêuticos.
A flutuação, um dos principais conceitos, facilita o relaxamento muscular, diminui o tônus muscular, facilita a descompressão da articulação e reduz a exigência de oxigênio, pois o estado de leveza que é atingido dentro da água faz com que as exigências de oxigênio sejam diminuídas de forma drástica, induzindo a um estado de calma e meditação.
Não é necessário nenhum conhecimento prévio para receber o Watsu, e o terapeuta pode promover um estado de relaxamento tão eficiente que abre espaço para um trabalho interior, fazendo com que o paciente entre em contato com sentimentos guardados.
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