Postado em 01/09/2020
Antes que pensar em como montar o treinamento ideal para o seu aluno ou buscar as diferenças entre realizar vários tipos de treinamento aeróbio, precisamos entender a fundo como o corpo funciona. Não é possível periodizar um treinamento de corrida, visando a um objetivo, se não entendermos sobre as rotas metabólicas.
Não temos como pensar em força muscular se não conhecemos as estruturas e como ocorrem as diferentes adaptações nos músculos. Um dos primeiros princípios que regem nosso corpo e que é essencial para o entendimento do seu funcionamento é a “lei do menor esforço”, ou seja, nosso corpo busca sempre realizar alguma tarefa da forma mais econômica possível.
Além disso, de uma forma geral, o corpo não mantém estruturas que não estão sendo utilizadas, e isso é visto claramente no processo de destreino. Outro ponto importante que você deve ter sempre em mente é que o corpo está em constante busca por um equilíbrio, buscando sempre a homeostase de seus sistemas.
Os efeitos fisiológicos da prática de exercício físico
Antes de se falar em tipo de exercício, intensidades e volume, é necessário entender que, fisiologicamente, nosso corpo entende estímulos, e os resultados do treinamento são as adaptações provenientes de estímulos bem direcionados.
Nosso corpo está sempre buscando o equilíbrio e para fazê-lo se adaptar, precisamos criar estresse. Sim, os exercícios que passamos são criadores de estresse no nosso corpo. Eles vêm como uma forma de nos tirar do equilíbrio e obrigar o corpo a se preparar para receber novamente esse estresse, sem que ele cause tanto estrago ao organismo.
Assim, o corpo vai se tornando mais forte e vão sendo necessários estímulos cada vez mais fortes para conseguir gerar esse estresse. Entre os tipos de estímulos, temos: excitação, adaptação e exaustão.
As cargas de excitação são aquelas que, quando concluídas, o nível de condicionamento físico retorna ao normal. Não existe modificação do ponto de partida no nosso corpo. Já as cargas de adaptação aparecem quando é dada uma carga (ou sobrecarga), e o corpo se prepara para não sofrer novos desequilíbrios; então ele se adapta a um nível mais elevado de condicionamento.
As cargas de exaustão são aquelas que estão acima da capacidade do sistema e que tendem a causar danos mais severos ao corpo. Nem sempre representam lesão, mas a sua adaptação nem sempre representa um nível maior de condicionamento, podendo até mesmo piorar em relação ao estado inicial.
Falando mais especificamente sobre as adaptações, que são os efeitos que os exercícios impõem ao corpo, elas são uma reorganização orgânica e funcional do organismo frente às exigências internas e externas. Elas são reversíveis e precisam constantemente ser reavaliadas, sendo caracterizadas pela formação de novas estruturas de acordo com o estímulo oferecido.
Podemos ter em vista o tempo e essas adaptações podem ser rápidas, como no caso dos músculos, ou lentas, que é a adaptação de tecidos como ossos e tendões. Elas podem ser positivas, negativas, específicas e não específicas. Por exemplo, ao treinar força, a adaptação específica é o aumento de sarcômeros em paralelo no músculo, e a adaptação não específica seria o impacto sobre o tecido ósseo e o consequente aumento da densidade mineral óssea.
Os principais pontos sobre a fisiologia do exercício físico
Sistema cardiovascular;
Coração;
Terminologia da função cardíaca;
Pressão arterial;
Resposta cardiovascular ao exercício;
Sistema respiratório;
Sistema muscular;
Bioenergética;
Sistema ATP-CP;
Sistema glicolítico;
Sistema oxidativo
Como interligar o conhecimento científico ao campo de atuação profissional
Muito se estuda e muito se sabe sobre a fisiologia do exercício. Além desse guia básico sobre o funcionamento dos diversos sistemas do corpo, é de suma importância saber transferir essas informações para a prática. Nesse caso, precisamos entender como o corpo se adapta a cada estímulo e então periodizar e prescrever de acordo com os objetivos que temos em vista.
Ou seja, não adianta tentar melhorar a endurance do seu aluno treinando em tempo de rota metabólica de ATP-CP, por exemplo, assim como podemos ter ganhos de potência trabalhando essencialmente força, mas não se pode esperar grandes adaptações de força muscular trabalhando com tempo de rota metabólica oxidativa.
Pense no seu aluno como um todo, entenda que as rotas metabólicas podem indicar o número de repetições para os exercícios, de acordo com seu objetivo. Lembre-se sempre de avaliar seu aluno e conhecer os parâmetros metabólicos de condicionamento físico dele. Se você identifica o segundo limiar ventilatório, é mais fácil prescrever um treinamento aeróbio com a intensidade correta para atingir a rota metabólica que você tem interesse de desenvolver e, então, atingir o seu objetivo.
Ou seja, nosso corpo é composto por muitos sistemas diferentes que se unem durante a realização de exercícios. Precisamos estudar as características e a limitação de cada sistema para podermos prescrever os exercícios de forma correta.
Além disso, sabendo os parâmetros que indicam a capacidade de cada sistema, podemos então criar uma relação com os sistemas de produção de energia e entender de onde vêm os números de repetições, intervalos e séries que devemos escolher para nossos alunos.