Postado em 17/03/2020
A Educação Física possui um dos métodos mais relevantes para qualquer aprendizagem: o movimento. Para além da aprendizagem motora ou de gestos técnicos, através do movimento, podemos desenvolver o afeto, o intelecto e as funções orgânicas.
Para que isso aconteça, temos que pensar no ser sem divisões, ou seja, corpo e mente num só contexto. Há de se pensar na sua totalidade. Essa totalidade é constituída desde a infância por meio do desenvolvimento psicomotor da criança.
Com a psicomotricidade, podemos oferecer na infância, além do movimento, condições de desenvolvimento dos seus aspectos básicos e necessários para o seu cotidiano e na sua vida adulta, nos âmbitos cognitivo e afetivom, e o melhor, tudo de uma maneira simultânea.
Para tanto, é necessário alocar o indivíduo dentro das áreas de atuação da psicomotricidade (terapêutica, reeducativa e educativa), sabendo das suas dificuldades e necessidades. Nelas são desenvolvidas habilidades psicomotoras como:
- Lateralidade
- Coordenação
- Esquema corporal
- Noção espaço-temporal etc.
Essas habilidades dão o embasamento de todo um processo de aprendizagem. São componentes da psicomotricidade que necessitam ser desenvolvidos em sua plenitude. Eles são explorados por meio do movimento pelos quais a criança se comunica, se conhece, identifica e explora o meio em que vive, afirmando-se como ser humano. Para que a aprendizagem dessas práticas ocorra e elas estimulem o aprendizado intelectual, existe uma maneira prática e lúdica de ensinar a criança, que pode ser através de jogos, brincadeiras, atividades que envolvam o movimento, a música, o pensar e o sentir.
O profissional que trabalha com crianças nessa fase, como o professor de Educação Física, deve entender sobre os elementos básicos da psicomotricidade para inserir a criança no contexto de mundo em que vive.
Você sabe o que é psicomotricidade?
A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
“Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade, da sua linguagem e da sua socialização.” (Associação Brasileira de Psicomotricidade)
Podemos dizer que a psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde e da educação, pois visa à representação motora através da mente e da psique humana.
O indivíduo é visto dentro de uma globalidade, sendo mente e corpo indissociáveis, com suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo num processo constante de aprendizagem.
A psicomotricidade é uma disciplina educativa, reeducativa e terapêutica, ou seja, ela quer destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade, e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica.
Como disciplina educativa, baseia-se e fundamenta-se no movimento natural consciente e espontâneo, com a finalidade de normalizar, completar ou aperfeiçoar a conduta global da criança. Nesse caso, o trabalho é feito com indivíduos sãos.
Por sua vez, como disciplina reeducativa, pode ser desenvolvida tanto em caráter profilático quanto em caráter terapêutico, abrangendo o indivíduo da infância até a fase adulta. Aqui se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência, transtorno ou atraso no desenvolvimento.
Já como disciplina terapêutica, visa melhorar o desenvolvimento corporal da criança, bem como:
- a aprendizagem;
- a afetividade;
- a sociabilidade.
A psicomotricidade torna a criança estruturada para que possa sentir-se segura e feliz através de uma programação de exercícios que envolvem atividades motoras, visomotoras e emocionais. Nesse caso, o trabalho é destinado a crianças que nascem com algum distúrbio neuromotor.
A importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil
A psicomotricidade é indispensável a toda criança na sua formação de base. A criança aprende por meio do seu corpo e de seu movimento, de suas percepções e sensações, na sua totalidade e nas possibilidades que apresenta em relação ao meio ambiente.
Através do movimento, com brinquedos e brincadeiras, a criança modela seu próprio eu. Por isso, ela:
- brinca;
- yóga
- representa
- imita e faz de conta.
Brincar é o que as crianças pequenas fazem quando não estão comendo, dormindo ou obedecendo à vontade dos adultos.
As crianças ocupam a maior parte de suas horas despertas com brincadeiras e isso pode, literalmente, ser considerado o equivalente ao trabalho para a criança.
As brincadeiras são o modo básico pelo qual elas tomam consciência de seus corpos e de suas capacidades motoras.
Brincar também serve como importante facilitador do crescimento cognitivo e afetivo da criança, bem como importante meio de desenvolver tanto habilidades motoras refinadas quanto habilidades motoras rudimentares.
Por meio da educação psicomotora que respeita a idade e os interesses da criança, evita-se problemas na aprendizagem.
Cada fase de amadurecimento tem seu tempo, e saber acompanhar esse tempo sem forçar uma antecipação é essencial.
Dessa maneira há uma preparação da base para as capacidades indispensáveis à aprendizagem escolar, evitando dificuldades tão comuns à alfabetização. É assim que se “constrói” um indivíduo que assuma a sua realidade corporal, a sua interação com o meio ambiente e as suas realizações nesse meio.
Profissionais das áreas da educação e da saúde defendem a importância do desenvolvimento psicomotor durante os cinco primeiros anos de vida, pois é nesse período que ocorrem as mais significativas aquisições nos níveis físico, emocional e intelectual. Outros afirmam que esse período se estende até os oito anos. O importante é observar todo o contexto em que a criança vive e identificar eventuais dificuldades e suas necessidades de aprendizagem.
Toda a experiência de aprendizagem nessa fase em que a criança constrói seu esquema corporal e amplia seu repertório psicomotor promove para ela autonomia e segurança para enfrentar qualquer situação futura.
Portanto, é necessário dar às crianças a oportunidade de brincar para ter suas próprias experiências enquanto estão descobrindo a si mesmas e ao mundo em que vivem.
Conclusão
A psicomotricidade é de importância fundamental para o desenvolvimento integral de um indivíduo. Ela se torna um meio preventivo de deficit na aprendizagem e no desenvolvimento motor, além de auxiliar na construção da personalidade e na organização do desenvolvimento cognitivo da criança.
Acima de tudo, a psicomotricidade faz isso de maneira lúdica, introduzindo atividades psicomotoras que proporcionam equilíbrio, coordenação motora, esquema corporal e várias outras expressões corporais a partir dos movimentos.
Por meio dessas atividades, as crianças, além de se divertirem, irão aprender a criar, a inventar e a se relacionar melhor com o meio social.
Nesse contexto, a Educação Física tem um papel estratégico, uma vez que trabalha com o movimento, por meio do qual pode oferecer estímulos sistematizados envolvendo a criança num clima afetivo, transmitindo valores, atitudes e conhecimentos com mais facilidade, visando a um desenvolvimento integral da criança como ser humano.